sábado, 12 de março de 2011

Estrangeiros solidários

Uma das Obras que eu coordenava e que ficava período integral em  3 ou 4 dias na semana, tinha como encarregado geral um senhor chamado Estevão. Era daqueles que trabalhava com a alma - além de coordenar muito bem a equipe, sempre ultrapassava seu limite de resistência físico. Tinha 63 anos, mas como todo nordestino, pensava eu, aparentava pouco mais de 50, pela agilidade com que escalava os taludes da Obra. Era sim, marcado pelo tempo. O trabalho duro tinha exposto seu rosto  ao sol intenso  por muitos anos e profundas rugas estavam à mostra, principalmente quando ele mostrava seu sorriso  protetor. Trabalhava há 10 anos na mesma empresa, cujo  dono era um  tipo mau caráter de linhagem pura. Já foi secretário de alguma coisa no interior (arranjo político, claro), acostumado a se relacionar com notáveis e pessoas influentes, porém não poupava esforços em ser  mal educado, grosso e desprezível com os que não lhe proporcionariam alguma vantagem. Como um náufrago agarrado ao seu pequeno tronco, mantinha a mesma atitude dos reacionários dos anos 70, colecionando favores e cartões de visita.
Porém, sua maior virtude era chacoalhar aquela imensa e bizarra pança escondida sob  a  camisa social, enquanto disparava palavrões e gritos aos empregados. Obviamente eu acabaria  na sua linha de tiro, pois além de ser mulher, o chauvinista não se aprazia com colegas que não tivessem o mesmo interesse em ostentação. Em um dia de concretagem atrasada, entre optar por berrar  com sua equipe (por sua incompetência em não gerir a Mão de Obra) e  berrar comigo, tentou se aliar a seus subordinados, alegando  que a Obra era  mal gerenciada por mim. Não colou. Peão de Obra é humilde, mas não é burro. Me aproveitei da situação e ainda humilhei o pobre, dizendo que tanto estudo e educação não lhe serviram de nada. Parou de me xingar e se calou. No final do dia, Estevão estava inconformado com a atitude de seu chefe. Sei que no fundo ele  se culpava por não ter ido em meu socorro, mas nós dois sabíamos que se isso acontecesse, sua demissão seria automática.
Na mesma semana, Wasu começou a trabalhar comigo nessa Obra. Ninguém além de Estevão poderia saber que ele era meu marido. Além da minha discussão com quem passou a ser seu chefe, minha empresa era formada por um grupo de sócios... judeus. Com todos esses fatos a seu favor, combinamos que ele seria indiano e ponto final.  Sem contar que ele jamais poderia ficar frente a frente com o meu Diretor, que vinha a cada quinze dias na Obra, sem avisar. Mas isso conto na próxima postagem, pois o sono chegou.
Contratado informalmente para manter a limpeza da Obra, inclusive  dos banheiros, Wasu ficou nessa função menos de duas semanas.  Como precisávamos de alguém responsável por distribuir, controlar e guardar as ferramentas e equipamentos, foi de Estevão a opção pelo Wasu. Eu ainda perguntei como ele iria se comunicar com o grupo, pois não falava um "pito" em português (a não ser números...incrível como ele aprendeu tão rápido a contar, pois são ótimos negociadores).  - Se eu consegui, ele também vai conseguir - me respondeu.
Foi assim que descobri que o Estevão nordestino, na verdade era um paraguaio que veio tentar a vida no Brasil há 15 anos e "caiu" na construção civil nas mesmas condições do Wasu paquistanês,  agora indiano.
A condição do Wasu nesse emprego era muito frágil, mas além de mim, ele já tinha ganhado um grande aliado e protetor.

terça-feira, 8 de março de 2011

Discutir a relação...?

Acordei com um imenso nó na garganta. Toda descrição, toda história, para quem a conta, vem acompanhada de imagens coloridas e tão reais! Os sentimentos vêm à tona de forma tão intensa. Quem dera se eu pudesse capturá-los e esquecer tudo que foi dito posteriormente. Nós vivemos de sonhos. Sem eles, não planejamos, não lutamos, não concretizamos o que é importante a cada um de nós. Sonhar nos faz refletir e a esperança é o alimento para essa concretização. Se um elo se quebra, ficamos confusos. Como diz Mateus e Pepeu, o mal é o que sai da boca do homem. Mas o que sai da boca vem do coração... Caraca, como somos frágeis!!!
A vida para meu Pk era simples objetiva. Discutir relação? kkkk. Coisa de Tio Sam. Ele tem razão. Quanto mais se discute a relação, mais questões aparecem. Quanto mais questões, mais dúvidas. Danou-se...
Nossas brigas começaram bem cedo. Após as discussões, eu sempre levantava a bandeira branca, chegava a seu lado, o abraçava. Não aguento o silêncio, a apatia.
Nessas ocasiões de tempestade, quando eu me aninhava nos braços dele, ele era muito meigo, carinhoso e sempre me dizia que gostava de me ver assim – feliz, calma, sem questionamentos.
Hoje vejo que era um recado objetivo, direto, de que eu não deveria mostrar minha personalidade dominante. Mas como??
Sou muito intuitiva, sentimental, temperamental, descendente de italianos, que gostavam de falar ao mesmo tempo, brigar ferozmente ao mesmo tempo e se amar intensamente 2 minutos depois. Ele por sua vez, convivia com uma realidade completamente diferente, quanto à questão feminina. A submissão e a importância da mulher na proliferação de seu clã eram questões que vinham de seus ancestrais e estavam arraigadas no seu inconsciente.
Filho de indianos muçulmanos que migraram para Karachi após a divisão da Índia (há menos tempo que o nascimento de minha mãe...), apesar do uso do jeans, da camiseta e das letras americanas de música pop na mente, os valores são bem diferentes e as expectativas também.
Portanto, meninas, não se iludam. Berço é berço. Questões essenciais não se mudam, apenas se mascaram se não houver forte disposição para aceitação. Às vezes vejo o Wasu escutando músicas em inglês, que muitas vezes menosprezam e debocham a cultura asiática. Já pensei muito sobre isso, como funciona o filtro dele quanto a tanta liberdade e informação que temos aqui. Com certeza, todos eles assimilam muuuito rápido os prazeres ocidentais, mas usam e ao mesmo tempo julgam e recriminam. São como crianças descobrindo o mundo... experimentam, usufruem, mas escondem dos pais a descoberta. Essa linha tênue entre a cultura do Ocidente e o Oriente já fez muitos se perderem, por falta de limites.
Uma noite estávamos no sofá assistindo a HBO e começou um filme de Van Damme, que eu odeio e ele diz que adorava. O controle remoto da TV quase sempre era dominado por mim e tive que abrir mão um pouco. Todo compenetrado, começou a assistir o filme, sempre comentando comigo o que acontecia. Assistimos 15 minutos de filme e agradeci demais ao bom anjo Van Damme (I love u), quando apareceram os talibãs no deserto e o dito começou a exterminar todo e qualquer mal encarado (no filme, né) afegão que aparecia na telinha. Como sou muito espontânea, não me aguentei de tanto rir, o que causou muito constrangimento nele, pois mostrou seu lado frágil e inexperiente em julgar.
CNN em inglês, welcome again!
Essa inocência e pureza são lindas. Mas confesso que confundi meu coração sentimentalóide, pois atrás de um ser humano descobrindo um novo mundo, havia um mesmo ser humano com bagagem bem determinada de vida. Muita confusão para mim e para ele também.

Madrugada 2

Os dias começavam a ficar confusos, ele existia à noite e eu existia exausta de dia. Chegava em casa e o encontrava, se sentindo inútil. Eu cuidava de mim, da casa, de Ju e dele também. Qualquer dor de dente, dor de cabeça, lá ia Zahara correndo ao médico levar o amado. Como tentativa de mantê-lo ocupado, pedi que me ajudasse e que começasse a administrar as contas de casa - aluguel, escola, mercado, luz, Net, condomínio. Ele é muito organizado com os seus papéis. Tem tudo guardado em pastas numa pequena mala, ou melhor, tinha, até levar seus documentos pessoais para outro lugar, quase certeza que no trabalho. Claro que dinheiro ele não tinha, não estava interessada nisso, mas eu queria me livrar da responsabilidade de administrar isso. Agindo assim, talvez ele interagisse melhor, se envolvesse mais com a rotina de casa, se ocupasse. Minha intenção era mantê-lo ocupado. Mostrei a caixa de ferramentas que estava no armário do jardim e indiquei um montão de coisas que precisavam ser arrumadas. Pedi que me ajudasse na limpeza da piscina e em regar o jardim. Moro em uma cobertura, é pequena, mas é uma cobertura, hehe. Vim para o Guarujá há 2 anos para trabalhar. Pedi para me ajudar com o carro, que vivia imundo. De todas as tentativas, a que mais ou menos funcionou foi a limpeza do carro. Ele ia comigo ao trabalho, me esperava na rua e limpava meu carro com um paninho seco. Expliquei que pano seco arranha o carro, mas como é cabeça dura, abri mão. Quanto as contas, ele não se interessou quando comecei a explicar o quanto eu gastava, os valores, onde, silêncio absoluto. Imaginei que fosse por ele não poder ajudar financeiramente.
Lembro bem de uma noite que a torneira de casa quebrou. Pedi a ele que cuidasse disso no dia seguinte. Sai para trabalhar e na hora do almoço, quando eu voltava para casa, lá vinha ele, passeando pelo calçadão de bermuda, indo me encontrar. Não preciso dizer quem tomou a frente para consertar a torneira né?
Sim, acho que fui exigente, mas eu sempre dizia a ele que queria que ele me desafogasse nas pequenas coisas. Sempre fui independente, para mim é tudo ter um companheiro que divida as pequenas coisas. E sempre escutei dele que a manutenção de casa é assunto que ele resolvia fácil.
O Wasu não dirigia conforme os padrões ocidentais, Várias vezes tentou dirigir, mas sempre ia para a direita e chegou a quebrar o retrovisor de um carro. Era natural, pois lá eles dirigem sentados do lado direito e isso deve confundir qualquer um mesmo. Sentia que ele estava dependente demais de mim e talvez estivesse se sentindo mal com isso.
Como eu tinha certo controle na Obra, conversei com um encarregado da Mão de Obra, sobre contratar alguém para ajudar na limpeza da Obra. Quando ele respondeu que teria que buscar alguém de idade, pois os jovens não se submetem a esse tipo de trabalho, perguntei sobre o salário, R$ 700,00. Uau!! Olha o Wasu trabalhando comigo, sem registro como deveria ser. Tudo combinado, fui para casa sem saber como iria oferecer essa vaga a ele. Aceitou na hora. O grande lance era se ocupar, dar o start para as coisas acontecerem.
Essa noite, finalmente ele dormiu ao meu lado. Ele acordou as 4, rezou, fez seu café da manhã. Eu já não acordava mais. Meu fasting começava sem café, mas entre duas horas de sono a mais e comida, optei pelo sono.

Madrugada 1

 Sim. Ele abriu a porta, foi até a cozinha, fumou um cigarro e se deitou. Não dormimos no mesmo quarto há quase 1 mês. Nossa última "conversa" foi há 1 semana. Dormi no andar de cima  ( minha filha dormiu na casa da amiga\) e escutei ele resmungando e me xingando na cozinha. Não parava de falar e isso foi me irritando, pois eram ofensas e críticas. Desci pela escada, com o celular na mão, perguntando por que tanta provocação, ainda mais pela manhã. A resposta foi irônica, como sempre. " Estou falando sozinho". Já pedi muuuitas vezes pra que não fizesse isso, mas pedir algo é pior. Faz justamente o contrário pra me provocar. Sou sua inimiga. Me cansei de tentar. Cansei-me de tomar a iniciativa e ir procurá-lo, conversar, discutir a relação. Quando eu me aproximava, as coisas ficavam bem por mais um tempo. Mas novamente vinha o silêncio. Não tem como lutar por uma relação sozinha. Agora só me lembro das ofensas, do descaso. Ele chegou em 14 de junho. Nunca mais vou esquecer-me da sensação de estar no aeroporto. Finalmente a espera de três anos iria terminar. Estava chegando meu futuro marido, um homem diferente dos ocidentais, com um lado religioso forte (já pensava na conservação da família, no alívio em não ter que administrar tudo sozinha mais), com uma inocência impar e com total confiança em mim, já que estava entregando seu futuro em minhas mãos. O voo atrasou mais de 4 horas. Já passava da uma da manhã e paramos em São Paulo, na Domingo de Moraes para comer. Eu estava dirigindo, perdida e ainda teríamos que descer a serra. Não parávamos de falar, de nos olhar, de chegar bem pertinho. Ele iria para minha casa - moro com minha filha de 16 anos - e ficaríamos em quartos separados até nos casarmos na Mesquita. Apesar de ser difícil, ele sempre me respeitou na Net. Lembro-me das conversas na comunidade do PK, onde as casadas diziam que se a gente desse liberdade antes, a gente iria escutar depois. Sou liberal sim, mas nunca passei de beijos no microfone e na telinha. Sexo virtual ou semelhante, pra mim não vira, não satisfaz, não tem lógica. Chegamos quase às 4 da manhã  em casa, sentamos no sofá e ele contava sobre a aventura da viagem. Aventura sim, pois o governo paquistanês quase breca sua ida a Dubai. Aventura na alfândega do Brasil também, pois apesar de não perguntarem quanto dinheiro ele tinha (estava com U$ 1.500,00), só deram 30 dias de visto. Amanheceu e eu pedi que ele fosse dormir. A casa estava impecável. Toalhas novas, flores em todo canto. Ele foi direto ao quarto se deitar e eu fui logo atrás. Dormimos agarrados, mas nos seguramos, pois sei que no Islam, ter relações antes do casamento é grave para eles. Afinal, já havia esperado três anos. Mais uma semana, que diferença faria? E assim fizemos até nos casarmos.
Para as que têm filhos adolescentes se preparem. Minha filha não fala muito o inglês. Eu tinha que conversar e ser tradutora ao mesmo tempo. Falar bilíngue ao mesmo tempo não era fácil. Os ciúmes de Ju foram imediatos.
Quando ele me avisou que tinha conseguido o dinheiro da passagem, perguntei a ela se concordava em ter o Wasu aqui. Claro que se ela dissesse não, jamais eu iria consentir, pois ela mora aqui também.
Mas eu estava hipnotizada, vivendo um sonho realizado. Não fui trabalhar no dia seguinte, arranjei uma desculpa e fomos passear no Guarujá: andamos pela praia, abraçados. Para ele foi uma novidade, pois não se anda de mãos dadas em público no Pk. Eu estava ganhando bem nessa época, era coordenadora de Obras na baixada. Queria agradá-lo de toda maneira, fazer pratos diferentes, passear por todos os lugares.
Voltei ao trabalho. Alguns dias ele ia comigo, outros ficava em casa. Já nos primeiros dias fomos a Mesquita e conseguimos marcar o casamento para dia 24, após várias advertências sobre os casamentos que não duravam. O divórcio é permitido no Islam.
No dia do casamento, nos sentamos em uma grande mesa e foi combinado o dote de U$ 1.000,00, sendo que 1/3  deveria ser pago adiantado e o restante no caso de dissolução. Eu não estava dando a mínima importância em receber o dinheiro, mas foi exigência do Sher.
 Foi tudo muito lindo, muito romântico. Só senti a diferença nos primeiros dias, pois antes só lanchávamos a noite e o Wasu só jantava comida. Chegava do trabalho e tinha que cozinhar, mas tudo bem! Meu amor estava comigo e além do mais, me ajudava a cozinhar. Lembro-me que ele ficou encantado com o varal de teto que tenho na lavanderia. Como será que estendem roupa em apartamento por lá...?Hehe.
Os dias se passavam e com o tempo, meu marido começou a  ter períodos em que ficava muito quieto. Como sou brincalhona, sempre o provocava, chegava perto, conversava. No primeiro mês, eu mal dormia. Ficávamos namorando até as 3, 4 da manhã. Logo após a relação, eu tinha que tomar banho completo, inclusive o cabelo, passando por um ritual de limpeza da área do chuveiro. Tudo isso levava mais de 20 minutos. Nunca tinha ouvido falar nisso, apesar de ter me convertido ao Islam há mais de dois anos. Ganhei várias gripes por dormir com o cabelo molhado - tenho muuuito cabelo- mas tudo bem!
Veio o mês do Ramadan e as coisas começaram a mudar. Ele fuma excessivamente, como eu. Mas estranhei, pois ele começou a ficar acordado durante a noite. Ele me acordava de madrugada para rezar e para tomar o café da manhã reforçado. Fumávamos vários cigarros antes do fasting, eu ia trabalhar e ele dormia até o fasting acabar. Não percebi isso de início, achava até graça, mas essa atitude começou a me incomodar. A Ju chegava da escola e ele dormindo. Passava o dia e ele dormindo. Eu chegava exausta das Obras e ele acabara de acordar. Sinceramente, foi  minha primeira decepção, pois jejuar dormindo era muito cômodo, kkkk.
 Como tínhamos conseguido renovar o visto por mais 3 meses, ele teria tempo para pedir outro certificado de antecedentes vindo de lá, sem isso não poderíamos nos casar aqui. Gozado que o original que ele tinha ficou na Embaixada do Brasil em Islamabad.




segunda-feira, 7 de março de 2011

Apresentação.

 Há semanas venho pensando em abrir um blog, para compartilhar minhas experiências. Tenho acompanhado blogs de algumas colegas que se casaram com paquistaneses e que vivem muito bem. Infelizmente, não faço parte desse grupo, pois meu casamento está prestes a acabar, se é que já não acabou... Não se compadeçam por mim, pois meu coração está congelado e hibernando.
Pouco antes de me casar na Mesquita, uma funcionária de lá me entrevistou e comentou que a maior parte dos casamentos entre brasileiras e muçulmanos que se mudam para cá, por conta da amada, é desfeito. Sim, divórcio e nada amigável. Em Santos, uma colega foi espancada pelo marido, que depois sumiu. E ainda vem o comentário dessa funcionária dizendo que "ela mereceu, pois era insuportável". 
Parece que estamos em uma competição, gente. Se o casamento não dá certo, a culpa é nossa? 
Sinto o peso sim, da responsabilidade de trazer um PK para cá, mas 50% somente. É isso que me impede de mandar ele embora de vez, para não ter que escutar ele enraivecido e falando comigo como se eu fosse a maior inimiga do mundo. 
Pensei muito a respeito do blog e sei que virão ataques, comentários debochados e críticas. Já participei da comunidade "Amo um PK" e sei que algumas extrapolam. Porém, sinto a obrigação de mostrar o "outro lado", o choque cultural, o preço da submissão, que no  meu caso, jamais vou aceitar.
Foram 3 anos de espera, 3 anos de conversas diária de, pelo menos 3 horas na Net e  10 meses de casamento. Uma história feliz, uma espera incansável, dias de felicidade plena e...ele acabou de chegar...